7 de jun. de 2013

Ritmo, produtividade e tecnologia. E menos trabalhadores


O Mestre em Direito Econômico e Político e professor da Universidade Mackenzie Jonathan Erkert e o Doutor em Saúde Pública, professor e pesquisador Herval Pina Ribeiro debateram O 'Novo' Trabalho Judiciário a Partir da Virtualização do Processo e de saída desqualificaram a possibilidade de alguma novidade naquilo que pode ser denominado processo de produção do judiciário.

Primeiro a tratar do tema, Jonathan revolveu as ideias do Estado de Bem-Estar Social que vigorou especialmente na Europa entre meados de 1940 e a década de 1990. "Se a preocupação foi manter um sistema de consumo por conta da produção de bens em massa, resultado do amplo emprego com salário, a política neoliberal mudou tudo", declarou. Jonathan apontou que com a queda do lucro, o capital mudou de endereço, passando da produção para a especulação financeira.
A transferência de recursos da produção para o sistema financeiro também levou junto uma transformação no Estado e, por consequência, nas relações de trabalho. Se a precarização do trabalhador foi um claro sinal do neoliberalismo, também instrumentos jurídicos, como o interdito proibitório, passaram a ser mais utilizados pelo capital.
Mudança significativa neste cenário se dá, disse Jonathan, quando o sistema de gerenciamento utiliza o desenvolvimento tecnológico para reduzir quantidade de emprego e o salário com aumento de produtividade. E ressaltou: "É este o 'novo' que surge, que é velho, porque não aponta para a Humanidade, para um novo paradigma, mas apenas para a manutenção de um tipo de relação social que já existia e que se adapta".
Por seu turno, o professor Herval Pina Ribeiro sintetizou toda a compreensão sobre o tema em uma declaração: "São dos doentes que dizem ao médico o que o médico deve aprender para curar a doença".
A partir deste princípio, afirmou que nada há de novo, mas a volta da velha fórmula de exploração do trabalho. "Nossa sociedade, no campo da justiça, contém operadores do Direito e operários do Direito, e ambos são assalariados. "Quem, então, comanda, se a própria Justiça se virtualiza, como se repetisse que assim o faz porque não se realiza no mundo real?", perguntou.
Para os dois debatedores, novos equipamentos e processos não diminuem o trabalho, assim como não agiliza a Justiça ou lhe dá mais eficácia, portanto, nada há de novo que possa contemplar uma vida melhor para os trabalhadores e assim melhorar a sociedade. (Foto Josemar Sehnem. Volnei Rosalen (c) coordenou mesa com Herval (e) e Jonathan)